Entrevista proibida com John Lennon depois de morto

Posted by tarrask on September 08, 2011 · 6 mins read

O Qualquer Coisa de Triste passou por uma experiência de regresso à vida, e isso incluiu morrer, ir pro inferno (ou céu, dependendo do seu ponto de vista), passar um tempo por lá e depois voltar. Durante o tempo em que esteve morto, chegou a encontrar gente interessante e, num rompante único de falta de timidez, chegou a entrevistar John Lennon, ídolo máximo de Odair José.

Durante a entrevista, na qual conversamos um monte de besteiras e mil coisas que todo mundo já está careca de ouvir, conseguimos UMA informação inédita sobre os Beatles. Veja bem, há pelo menos 30 anos não acontece nada de novo relacionado à banda, então vamos transformar isso aqui num informativo, por pelo menos alguns instantes. Em breve, voltaremos à programação normal.

QCT: E o que você acha de tantas notícias relacionadas aos Beatles? Acho que existem milhões de revistas, jornais e tal.

JL: Mesmo? Cara, eu ainda estava vivo quando a última coisa nova foi publicada. As pessoas adoram inventar conteúdos secretos. Eu digo que o sonho acabou, boto numa música, e eles ainda ficam procurando pêlo em ovo.

QCT: Mas não tem nada de novo no front? Nenhum segredo que vocês não contaram?

JL: Acho que contamos tudo que é importante. Mas a galera quer analizar até piada interna.

QCT: Piada interna? Tem alguma piada dos Beatles que ninguém explicou ainda?

JL: Já contaram tudo. Até a brincadeira do Octopuss’s Garden, que a gente publicou assim por causa da censura.

QCT: Censura? Octopuss’s Garden?

JL: É claro. Nós éramos revolucionários e tal, mas também cavaleiros do Império Britânico. Não dava pra publicar todo tipo de coisa. E tinha aquele lance do Ringo. Ele era um galhofeiro, só fazia música esculhambada, não dava pra gravar. Ele ficava insistindo.

QCT: Tinha Yellow Submarine.

JL: E Octopuss’s Garden, que era massa, a gente tocava nos ensaios, tirava uma ondinha, mas era canalha demais pra moral conservadora da época. A Yoko tentou me convencer a gravar a versão original, mas o Paul nunca quis, dizia que a sogra católica dele ia deserdá-lo, e ninguém quer perder a herança que ele ganhou, né?

QCT: Mas Octopuss’s Garden é uma musiquinha tão infantil, tão lúdica.

JL: Você parece que nunca leu a Bíblia. Duplo sentido, cara, duplo sentido. E fica ainda melhor quando a música parece inocente. Ringo adorava fazer isso. Nem me pergunte sobre os trocadilhos com anéis.

QCT: Tá, mas qual é a brincadeira de Octopuss’s Garden?

JL: Você sabe, né, anos 60, contracultura, hippies, groupies, aquela esculhambação, né? Antes de casarmos, vivíamos cercados de um mulheril incrível e histérico. Um belo dia, estávamos na casa do George, que sempre juntava uma quantidade absurda de mulheres em busca de orientação espiritual, you know what I mean. Eram umas oito. Aí, aquela festa rolando, um Bob Dylan passeando de mão em mão.

QCT: Um Bob Dylan?

JL: Era um apelido carinhoso. Aí aquela historia, tava todo mundo numa nice, numa festa, e o Ringo, travadão, começa a cantar uma música super swingada.

QCT: Swingada? Ringo?

JL: Claro. Ele era o homem do ritmo. Só se fingia de sério durante os shows. Você tinha que ver o baixinho nas festas, pô. Era foda. Mas continuando, ele tava dentro da piscina, agarrado com duas nega, uma em cada braço, e começou a cantar. A letra veio todinha, de uma vez só. O George pegou a guitarra e começou a tocar e o resto é lenda. Só que a gente aproveitou a historia da música vir assim, psicografada, pro Paul fazer publicidade de Yesterday. Sabe, ia vender mais, nera?

QCT: Mas qual é a piada?

JL: A graça era sempre quando o Ringo usava a música pra dizer quantas mulheres estavam no camarim. Ou então, ele chegava primeiro na casa do George, tava rolando festa, e ele telefonava, só pra provocar, principalmente depois que o Paul casou e ficou numa vibe monogâmica.

QCT: Mas você então tá querendo me dizer que aquela música quer dizer jardim de.

JL: Mermão, tô dizendo nada não. Era o que era. Mas claro, a gente não podia dizer isso, ia prejudicar as vendas. Mas como você tá morto, não pode mais caguetar a gente.

Um pouco depois desta conversa, o blog acordou do coma e voltou à ativa. Talvez John Lennon esteja morrendo de raiva e querendo matar todo mundo, mas como agora ele está se divertindo no inferno, a gente não liga muito. 

I’d like to be under the sea
In an octopussy’s garden in the shade
He’d let us in, knows where we’ve been
In his octopus’s garden in the shade

I’d ask my friends to come and see
An octopussy’s garden with me
I’d like to be under the sea
In an octopussy’s garden in the shade

We would be warm below the storm
In our little hideaway beneath the waves
Resting our head on the sea bed
In an octopussy’s garden near a cave