Crônica de um esquecimento anunciado

Todo escritor almeja virar parte da memória coletiva

Shakespeare inventou palavras. Reciclou e reinventou histórias que tornaram o seu nome praticamente imortal. Enquanto houver civilização ocidental, ele estará lá. Cervantes, Dante, mil e três nomes. Ao alcançar o Panteão da cultura, garantiram que nunca mais serão esquecidos.

Poeira estelar

Bem, enquanto houver humanidade. Nós não lembramos mais dos grandes escribas egípcios, até porque não somos capazes de entender os trocadilhos e jogos de palavras (ou hieróglifos, algo tipo galinha-falcão-ovo pela metade-rá rá). Nenhum texto é permanente, mas alguns são mais iguais que outros (pra citar uma frase que saiu de uma só mente).

A verdadeira forma de magia

Pouco tempo atrás, achei uma ilustração que falava que um livro é a melhor maneira de ter uma conversa com uma mente que já desapareceu. Dialogar com Aristóteles, ou Confúcio. As idéias que saíram de um cérebro conhecido chegam ao seu através de umas palavrinhas. É possível entender como eu penso, o que eu penso, através de sinais óticos emitidos pelo seu monitor. E o melhor, através do tempo.

Gabo está perdendo a memória

Um dos maiores escritores do século 20 está perdendo a memória. Triste, doloroso e verdadeiro. É um fato, na lenta viagem para o desaparecimento. Mas o cérebro dele deixou marcas que, no futuro, poderão entrar em outros cérebros que ainda nem nasceram. Talvez ele nunca mais seja esquecido, também. Talvez Macondo continue real para todos nós, apesar de ter saído da imaginação de uma só pessoa.

Eles estavam todos certos

A realidade é, acima de tudo, fantástica.

 

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