Faça Terapia

E vale todo tipo, não só aquela com psicólogo.

Simplesmente peça ajuda a alguém.

Fale de seus problemas, narre seus desafios e derrotas.

Faça por onde ter sempre uma pessoa ou um grupo de pessoas a quem você possa dizer que está com dificuldades, e de quem você saiba que vai receber apoio.

Pra aprender a andar, nós levamos inúmeras quedas, mas sempre temos que nos ajude a se levantar, quem diga que está tudo bem, que vai passar, e que nos peça pra continuar tentando.

Depois que crescemos, as quedas que levamos são mais dolorosas. Se não pagamos o aluguel e nossa família é despejada, o desespero é maior do que bater o rosto no chão.

E justo aí, quando aumenta o nível de dificuldade, é mais difícil encontrar alguém que nos proteja.

Adulto que pede ajuda é tratado como um dramático, portador crônico de #mimimi.

Por isso mesmo, essa ajuda passa a ser algo que temos que buscar ativamente.

Não apenas fale que está com um problema, pois ninguém estará de prontidão esperando seu chamado pra aparecer de capa vermelha.

Cultive suas amizades, seus parentes, os colegas de trabalho. Lembre-se da reciprocidade: se você não der atenção às necessidades dos outros, eles não estarão nem aí pras suas. Faça convites para programas em que se converse mais do que se dance.

Vale o esforço de construir uma fortaleza.

Pedir ajuda a alguém é difícil porque nos mostra vulneráveis. Quem escuta o pedido de ajuda sabe que não somos perfeitos, não somos invencíveis.

Mesmo com todo esse perigo, é mais saudável ter uma rede de apoio do que bancar o Cavaleiro Solitário e ir enfrentar a vida só.

Essa rede ampara nossas quedas e nos ajuda a sacudir a poeira.

Dar a volta por cima, porém, só depende de nós.

Mas até pra isso contamos com facilidades. Esse tipo de amparo ajuda a afastar fantasmas, nos faz enfrentar a vida com cobranças mais realistas e maduras.

E sobre o método, fique à vontade pra escolher.

Para alguns, uma psicanálise ortodoxa é o modelo certo, para outros, basta uma noite num bar desabafando com um amigo. Tem quem busque uma religião pra amansar as angústias, enquanto outros escrevem músicas.

Só tem uma recomendação: escolha uma ajuda que esteja à mão, disponível, pra não piorar alimentando fantasias. Se a atividade tiver um efeito terapêutico, se lhe tirar um fardo dos ombros, ela é válida.

O que não muda é nossa necessidade de uma válvula de escape.

Você até pode tentar enfrentar seus problemas sozinho, mas não parece melhor receber um pouco de cafuné enquanto saramos dos tapas que levamos da vida?

0 Comments on “Faça Terapia”

    1. Quela,

      Que bom que você gostou. Cafuné é unanimidade entre os seres que ainda tem um pouco de coração. 🙂

      O texto era inicialmente só pra Tarrask, que tá sofrendo muito numa cidade quente e úmida.

      Beijos

    1. Claro que não, Tarrask.

      Você não tem do que reclamar.

      O texto foi feito todinho pra Quela, que é a maior fã de cafuné de todos os tempos ao ar livre do mundo em linha reta, e tem sofrido muito numa terra fria e seca.

      Xeiro

  1. Opa, levar tapas da vida é comigo mesmo, hahaha

    Já fiz terapia uma vez, e antes disso tinha muitas ideias erradas sobre o que era uma consulta. Na verdade, é só uma conversa com alguém que te escuta. Depois disso, vi que a solução podia estar mais perto do que eu imaginava! 🙂

  2. Aline,

    Sempre que eu escrever sobre apanhar, me lembrarei de você! 😉

    Realmente, as terapias costumam ser bem difeerentes do que se divulga no senso comum. É bom anunciar isso.

    Mas quer dizer que, mesmo gostando de apanhar você foi procurar ajuda?! Você tem que responder a essa pergunta aqui: http://ow.ly/5OWFg

  3. Tu sabe que eu fiz mais de um ano, comecei em um momento horrível da minha vida e de repente tudo melhorou. Mas depois a psicóloga me deu alta (acho que mais por um motivo pessoal do que por que eu já podia ter) e eu continuei só com a psiquiatra, mas não é a mesma coisa… Eu acabei abandonando, to doida pra voltar mas morrendo de vergonha do carão que eu vou levar… Parece que voltou a estaca zero sabe. Eu recomendo muito a terapia!!! Tem muita gente que não acredita, e se for com psiquiatra chamam você de doido… Mas faz um bem impressionante…

    1. Anna,

      O carão vai ser enorme, mas só enquanto você não voltar! Depois que resolver encarar, vai ver que não tem nada de mal. 🙂

      É bom saber que você também se esforça pra continuar melhorando. É raro a gente reconhecer que não está perfeito.

      E de resto, como eu disse no texto, existem vários tipos de atividades que tem efeito terapêutico. Enquanto você não encara sua psicóloga, vá treinando com os amigos.

    1. Anna, essa imagem é de uma carrancuda forma geométrica, que não lembro mais o nome.

      Realmente não tem nada a ver com você.

      Pelo que Tarrask me ensinou, a gente tem que fazer uma conta nesse site aqui, pra escolher a fotinha: http://en.gravatar.com/

      Eu mesmo não posso mudar não, mas posso testemunhar que você não é uma figura geométrica!

      1. Doco, acho que polígono para ela é suficiente. Somos iguais, eu e ela. Só que eu não “reentrâncias”, ela tem uns espetos…

        1. Nossa, reli meus posts e estão cheios de erros estranhos. Faltou uma palavra aí em cima: “…eu não tenho ‘reentrâncias’…” E aí embaixo eu quis dizer eu que era um pentágono.

          1. Liev, quer dizer que você não tem nem reentrância nem espeto?

            AHehahaeheaehaehaahe

            Nunca antes na história desse país a geometria me divertiu tanto.

        2. Liev,

          Acho que agora só usarei o termo “reentrâncias” pra diferenciar as pessoas.

          Obrigado pela dica! 😉

          1. hahahaha Nossa, não ter espeto é comprometedor… I take it back!

  4. Gostei bastante do texto, nota 10. Acho que a minha terapia é conversar com os amigos e colegas, gosto muito. Qual o seu?

    1. Brigado Liev,

      Eu acho que minha principal terapia também é me encontrar, conversar com os amigos.

      E também tirar onda deles. 🙂

      Por isso esses textos aqui no Worst Kind tem sido bem legais, que tão gerando mais conversas.

  5. Tenho que voltar a ler esses textos no dia que saem. Tou perdendo a metade da diversão.

    Ovídio, entenda esse e-mail de notificação que você está recebendo como um lembrete para não deixar de incorporar “espeto” e “reentrâncias” ao seu vocabulário.

    1. Já tenho espeto. No vocabulário.

      Quanto à reentrância, acho melhor continuar bulindo com a dos outros. A do vocabulário dos outros.

      🙂

      E volte a ler e comentar no mesmo dia. Só cuidado pra não deixar sua reentrância exposta.

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