Romance, lingerie e manteiga
Em um instante, você bate os olhos, está apaixonado, quer morar com ela para sempre. É linda, perfeita, maravilhosa, cheirosa, charmosa, cheia de glamour. E é intelectual, diz coisas inteligentes, com finesse.
Paris é loira, morena, com cabelo chanel, cheia de curvas, decidida e matadora. Sabe o que quer, e provavelmente vai te destruir. Não é uma criança, não é adolescente. É mulher completa, adulta, com a vida ganha, senhora do seu destino e talvez até balzaquiana. Teve outros amores em outros verões, a maioria deles muito mais ricos, espertos ou inteligentes que você. Mas mesmo assim, a cidade-aranha quer usá-lo para algo.
Você está preso, enfeitiçado e apaixonado pela Mulher-Luz. Não pode e nem quer escapar. Aproveita a noite, o tempo que puder, cai no golpe, fingindo que não sabe que está caindo. Jogam um teatro, todo mundo cumpre o seu papel. Você não entende direito como vai ser o final, história francesa é sempre absurda e o final é alguma viagem de algum diretor esquisito, mas nenhum homem decente pode dizer não a uma mulher que sorri fazendo biquinho.
Ao mesmo tempo, é indecisa, confusa, pós-estruturalista, filosófica e vai tentar discutir cada entonação de cada palavra. Não adianta você dizer que não fala a língua dela direito. Ela faz questão de buscar o certo, o universal, o homem perfeito.
Até é capaz de fazer você esquecer que ela é esnobe, podre por dentro, cheia de frescura, hábitos esquisitos, ar blasé, indiferente ao resto do mundo, apegada a um passado que não existe, fora da realidade e que ninguém mais no mundo entende o que ela fala.
E é de manutenção muito cara.