A maior dádiva da internet é a possibilitar que qualquer pessoa possa expor os seus argumentos ao mundo.
O maior defeito da internet é a possibilitar que qualquer pessoa possa expor os seus argumentos ao mundo.
Não é só no Brasil. Também não é só com você. Em várias partes do mundo, várias sociedades diferentes, idiomas e grupos sociais, enquanto universidades abrem cursos gratuitos sobre quase todos os assuntos e gênios publicam palestras e debates interessantíssimos, há uma imensa quantidade de seres humanos vomitando besteiras inúteis, retóricas mambembes, raciocínios porcos e diarreias mentais.
A filósofa candango-mineira Aline Valek provou, no tratado Ne legere comment, que qualquer caixa de comentários de jornal hoje é capaz de fazer uma pessoa alfabetizada perder a fé na humanidade, no futuro e na pureza das crianças. Ignorância dos comentários é uma benção.
Isso é um fenômeno novo. Na pré-história, não podíamos xingar o PMDB nas páginas de um jornal impresso. Quem reclamava diante de um aparelho de televisão era doido, mas não era ouvido. Hoje, quanto mais raso, bizarro ou absurdo, maior a chance de ser amplificado na câmara de eco da rede.
Gregos e troianos estão corretos. Entre a plebe rude e a massa de manobra, o debate se torna apenas uma caça infinita por cliques, olhos e atenção. Hoje em dia, toda discussão é um fla x flu, inclusive na qualidade técnica.
Ideologia, eu ainda encontro uma pra viver.