Memento like

Ticking away the moments that make up a dull day

You fritter and waste the hours in an offhand way

Kicking around on a piece of ground in your home town

Waiting for someone or something to show you the way

Tired of lying in the sunshine

Staying home to watch the rain

You are young and life is long

And there is time to kill today

And then one day you find

Ten years have got behind you

No one told you when to run

You missed the starting gun

Duzentos porrilhões de twits são escritos por hora. Oito imbecilhões de posts na ORS. Zaps, memes, vídeos de gente burra dando opiniões erradas sobre coisas que não importam nem ao bêbado da esquina.

A fofoca foi multiplicada, a bobagem foi automatizada, o disse-me-disse foi industrializado e mecanizado. A capacidade humana de regurgitar conteúdo só não cresce mais do que o limite da estupidez porque uma se alimenta do outro.

Se Caetano se assustava com quem lia tanta notícia, o que dirá de quem lê tanta postagem?

Algum filósofo já deve ter explicado a teoria da óciocupação, e feito alguma palestra, mas obviamente não chegou na minha bolha. Esta teoria – deveria explicar o sábio doutor – sugere que os tempos que correm oferecem demasiadas opções de perda de tempo, e precisamos de mais umas 40 horas diárias para perder de maneira mais produtiva, lendo, filtrando, analisando, rindo e tragando uma nova lista dos 800 mil tuits para ler antes de morrer.

Ganhamos tempo: a vida é mais longa, tem velhinho que se esquece de morrer depois de 120 voltas ao redor da Terraplana, daqui a pouco nossos cérebros vão receber chips e corpos ciborgues farão nossos frios corações baterem para sempre.

Matamos o tempo e ele nos enterra, diria o Joaquim Maria.

Tenho muito medo da imortalidade. Talvez o inferno seja passar o resto da eternidade scrolling o feed das pessoas com quem convivi. Ou vendo os trending topics do círculo específico ao qual serei designado (talvez o segundo, Dantistas me ajudem).

Feche os olhos e imagine receber dopamina via aplicativo para todo o sempre.

Medite sobre o assunto, mas rápido, antes que o seu córtex cerebral obrigue a sua mão a agarrar o telefone.

Acorde do pesadelo. Tire os fones de ouvido, feche o laptop, coloque o telefone fora do alcance das crianças.

Dê um passo à frente. Ainda é possível viver sem dopamina.