Por que todo filme de ficção científica começa com uma hipótese filosófica que sugere que a humanidade fez escolhas erradas, a tecnologia evoluiu tanto que saiu do controle, e que as máquinas são coisas complexas e cruéis, e no final, tudo é resolvido com um tiroteio entre acrobatas?
Pra quê tanta filosofia, inventar um conflito entre Platão e Hume, se no final, ganha o protagonista porque é mais flexível e tem melhor mira.
Talvez eu esteja cansado do gênero, ou esperando mais do que deveria de exercícios de computação gráfica, mas queria sim que houvesse algo mais.
A maioria dos clássicos de FC são horríveis para adaptar para a tela grande por falta de acrobacias. Não há naves fazendo manobras barulhentas no espaço, explosões de fogo e gritaria. Quase sempre, são o conflito da alma humana e da evolução das condições de vida em situações incomuns.
That’s actually boring.
E por isso, os filmes atuais são somente isso: o derradeiro sonho do planeta colapsado e as pessoas fugindo para escapar para uma vida utópica nas estrelas.
Um clichê tão repetido, mas tão repetido que até o Elon Musk acreditou.
Eu sou um dos pessimistas. Acho que a humanidade não vai escapar deste planeta. Pelo menos, não os humanos que somos.
Daqui a dez mil anos, criaturas que carregarão semelhanças ao nosso DNA podem talvez enviar cápsulas com alguns -poucos- para longe, mas não seremos nós, nem de longe. É como se nos comparássemos com uma pessoa de dez mil anos atrás: se olhar direitinho, ainda estavam inventando a agricultura.
É uma diferença abissal.
Nos filmes, os humanos pelo espaço são praticamente o que nós somos. Não mudaram nada.
Continuam com medo dos robôs. São um espelho de quem somos hoje.
Este post é o 5 de um exercício chamado #the100DaysProject