Num mundo de milhares de opções, é cada vez mais difícil escolher algo.
Comprar uma calça jeans é um martírio. Tentar agradar a namorada escolhendo um bom vinho, então, é uma decepção na certa.
Também é difícil escolher um lado numa das milhares de discussões que acontecem nas internets.
Discordar de alguém nos deixa desconfortáveis por várias razões, que podem ser agrupados em dois grandes grupos.
O primeiro é o medo de exposição.
Por mais argumentos (ou pedras na mão) que tenhamos, ao tomar partido nós ficamos sob um holofote e temos que enfrentar os adversários de frente.
Depois da adolescência passamos a tolerar que outras pessoas pensem diferente de nós, o que deveria nos deixar confortáveis com o enfrentamento necessário no cotidiano. Mas mesmo essa tolerância extra da maturidade só consegue servir de escudo se for bem exercitada.
É comum ver gente crescidinha fugindo dessa exposição como cascão foge do banho. Usamos vários artifícios para nos esquivar, pra não ter que expressar nossa opinião.
“Imagina o trabalhão que daria explicar pra ele que eu não quero assistir aquele filme. É melhor eu fingir que estou doente, não é?”
Uma outra grande razão para nossa dificuldade em escolher é o medo de perder algo.
Quando decidimos por um azeite, abrimos mão de todos os outros.
É como ficar em cima do muro sem saber de qual dos lados a grama é tão verde quanto você fantasia.
Se você não tem um farol lhe mostrando o Norte, você vai querer avaliar todas as opções que consiga imaginar. Qualquer um que não foi lobotomizado tem criatividade o suficiente para se paralisar.
Nas reuniões em empresas é fácil identificar aquela pessoa que ainda não escolheu um lado da briga. É aquele sujeito que fica ponderando infinitas avaliações de cada uma das opções, que faz uma lista imensa e enfadonha de pontos fortes e pontos fracos.
No universo de infinitas possibilidades que vivemos, no qual qualquer psicólogo pode trabalhar numa empresa de software, parece uma tolice você mesmo estabelecer seus limites e fronteiras.
Claro que todas as possibilidades para Sul, Leste e Oeste serão desperdiçadas, e você será criticado por aqueles que escolheram esses outros rumos. Essa é a parte onde você deve ter força o suficiente para comprar todas essas brigas.
Se você já decidiu qual caminho seguir e está disposto aceitar esse ônus, deve evitar outras desculpas e começar a caminhar.
Se ainda não, é mais seguro ficar parado esperando a maré lhe levar.
4 Comments on “Comprando Uma Briga”
“Comprar uma calça jeans é um martírio. Tentar agradar a namorada escolhendo um bom vinho, então, é uma decepção na certa.” Com um vinho nacional então…
Nesse caso, Boni, deve ser caso de demência ou lobotomia.
Ovídio, você me esclareceu algumas coisas que andavam embaçadas para mim. Obrigada.
Elana,
Que bom que serviu de alguma coisa.
Obrigado por ler