A coisa mais horrível da Síndrome de Cassandra é a sensação de saber o que vai acontecer. Não o lance óbvio, o xeque-mate, mas aquele lance meio Kasparov de mexer uma peça e calcular as probabilidades, ver que o adversário só tem uma alternativa lógica entre todas as variações que o tabuleiro permite, e que a última vai acabar com os burros abraçados a Iemanjá.
Sim, o mundo tem a mania de ser previsível, taí, pra (quem tem superpoderes) quem quiser observar com atenção e prestar atenção (ao horóscopo) aos sinais. Era óbvio que nenhum bandido seria preso, mesmo a gente torcendo tanto. Era claro que o Obamis não ia mudar o mundo. Estava na cara que as notícias de amanhã eram bem parecidas às de ontem, com uma opiniãozinha diferente ali, uma defesa siciliana acolá. Mas, no fundo, o futuro é pra lá de previsível.
Mas, continuo eu, o chato não é prever. É saber que o carro vai bater, que a Rural vai atolar, avisar pra todo mundo, gritar pra todo mundo ouvir, e mesmo assim, ninguém arrumar a mala e o pobre do veículo acabar sendo rebocado.