O dia em que o Velho do Restelo encontrou Cândido Portinari

– “A que novos desastres determinas

De levar estes reinos e esta gente?

Que perigos, que mortes lhe destinas

Debaixo dalgum nome preminente?

Que promessas de reinos, e de minas

D’ouro, que lhe farás tão facilmente?

Que famas lhe prometerás? que histórias?

Que triunfos, que palmas, que vitórias?

– O Velho do Restelo, Os Lusíadas, Canto IV, 97

Até quando isso vai ter que mudar?

Antes do fim do próximo mês, a família embarca numa aeronave com destino à felicidade a Portugal, de mala e cuia, definitivamente, pelos próximos anos. Uma boa e esperada mudança de vida, de continente e de objetivos. A decisão definitiva veio amadurecendo, crescendo e há pouquíssimo tempo virou concreta. Como um trem em alta velocidade, fica difícil de parar e impossível mudar de rota.

Não é nada assim tao traumático. Será a minha quinta mudança de país (se você considerar a trapaça de considerar que a Catalunha é independente, som una nació!), então eu já estou calejado de empacotar, desempacotar, jogar coisa fora e pegar documentos na polícia pra provar que eu não cometi nenhum crime sério.

E, pra quem nasceu onde eu nasci, nem é esquisito fazer uma trouxa e ir embora, né?

Retirantes, Cândido Portinari

Retirantes, Cândido Portinari

Então, quem quiser me visitar (ou conversar online em tempo real), comece agora a considerar que eu vou morar no fuso horário GMT, e vou pra cama mais cedo.

Quer dizer…

Somos três agora e quatro no fim do ano.

Uma das principais razões para irmos embora é que Cris está grávida do Luís Carlos Prestes e quer ter o filho no Brasil e achamos que a pequena vai ser mais feliz crescendo perto da família. Além disso, vai diminuir em 30% os problemas de sotaque que ela vai ter. Aprender a falar português, espanhol ou inglês em Miami é meio que um karma absurdo demais pra ser imaginado.

E trabalho?

Money que é good nóis num have, se revasse nóis num tava aqui workando.

Eu continuo fazendo frila de tradução, de redação, de comunicação, de prostitu publicidade em geral.

Cris tá começando um projeto bem bacana de ilustração também, e estamos procurando o que fazer estudando umas propostas, começando projetos e tal. Quem tiver alguma ideia, proposta, etc, entre em contato. O mundo líquido de hoje em dia permite que a gente trabalhe em várias coisas ao mesmo tempo, em qualquer lugar do mundo que tiver banda larga e computadores.

E eu queria ir pra Miami comprar muamba visitar vocês, o que faço agora?

Agora é tarde. Entregamos o apartamento daqui a três semanas. Mas se for pra Europa e passar ali por Lisboa (uma das conexões mais fáceis, inclusive), avisa. Qualquer motivo pra tomar café em Belém pra mim é válido.

E os blogs, twitters, livros, histórias, etc?

Agora eu tenho tempo, o que significa uma desculpa a menos. Provavelmente não vou ficar falando de publicidade, que é um assunto que eu estou me sentindo cada vez menos interessado, mas é bem provável que vocês me encontrem mais frequentemente online.

E Vicente Celestino?

Já está apavorado com a ideia de entrar num avião e ficar mais de sete horas escutando aquela zuada horrível. Porém ele não tem muita escolha.

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