Qual o Problema dos Pobres?

A única coisa que tem de errado com as pessoas pobres é que eles não tem dinheiro, e essa é uma doença curável.

Essa não é uma resposta comum à pergunta do título. Parece que tá faltando algo, que é simples demais pra ser considerada válida.

Uma palavra como essa, pobre, já está repleta de ganchos e apêndices no nosso dicionário. Quando usada, ela sempre aparece acompanhada.

Cada gancho desses funciona como uma âncora para nossa percepção. Sempre que pensarmos naquela palavra, ela vem carregada desses outros conceitos e idéias. E todo esse conjunto torna difícil alterarmos nossa avaliação sobre a palavra em questão.

Essa é uma maneira natural de se cristalizar uma crença.

Quanto mais enraizado e misturado o conceito, mais difícil é alterá-lo.

Por isso cada nova descoberta encontra resistência gigantesca para ser aceita.

Einstein não recebeu o prêmio nobel pela Teoria da Relatividade. Apesar de ter sido sua maior contribuição para a física, ainda existiam físicos influentes que eram resistentes a ela, considerando-a desrespeitosa com a física clássica. Por isso a academia sueca escolheu outra contribuição dele,  menor e anterior à Relatividade, pra justificar o prêmio.

A capacidade de desaprender algo exige um esforço grande de nossa parte. E essa é uma habilidade pouquíssimo exercitada.

Se você tratar crianças como seres humanos, aumenta a chance deles se comportarem como tais. […] As pessoas tenderão a se comportar com classe e distinção se você tratá-los dessa forma.

Bill Strickland, autor de todas as frases entre aspas nesse texto, me pareceu especialista em cutucar essas crenças encruadas. Nesse TED Talk, ele chacoalha qualquer um que já se interessou sobre educação para pobres e excluídos.

Ele corta várias das âncoras dos mandamentos e tabus da área. Deixando-nos à deriva pra só depois nos mostrar outro rumo.

E num momento desses, ficamos vulneráveis. Quando precisamos mudar nossas convicções nos sentimos frágeis, tendo que admitir que estávamos errados, desamparados, sem saber pra onde seguir depois.

Mas esse é um exercício bom.

A forma como você pensa sobre uma pessoa que determina o comportamento deles. […] Você tem que mudar a forma como as pessoas se vêem antes de poder mudar o comportamento delas.

Essa prática serve para desconstruir nossos preconceitos sobre diversos pontos.

Ser uma pessoa íntegra é bem diferente de ser cabeça dura. Se uma solução serviu num momento, não significa que ela vai servir sempre.

Alterar nossas concepções é uma questão de sobrevivência. Ou você consegue se adaptar, ou é descartado na próxima mudança.

E quanto mais livre de encostos estiver essa concepção, mais fácil mudar seu rumo.

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