Lesão por esforço repetitivo

Masteria é algo complicado: é preciso encontrar o fino equilíbrio entre executar infinitas vezes até alcançar a perfeição, evitando, no entando, a fadiga por repetição.

Acontece nos esportes, na vida, nos relacionamentos. Fazemos algo tão bem que enjoamos, ou machucamos um músculo fundamental para continuar fazendo.

Depois da lesão, alguns largam a carreira. Outros se reinventam, descobrindo uma maneira diferente, e talvez melhor, de fazer a mesma coisa. Borges escrevia ditando os textos, depois de cego. Guardiola virou técnico depois de velho.

A geração antes da minha queria ter uma profissão e virar mestre no que faziam, aposentando-se vice-presidentes de algo depois de 35 anos de trabalho. A geração depois da minha vai mudar de profissão a cada 5 anos, em média.

Eu, que gosto de escrever, não faço o mesmo tipo de texto por mais de 3 anos seguidos, e sempre me canso ao encontrar as fórmulas.

Talvez por isso, nunca farei um soneto alexandrino.

Pelo menos, até o dia em que me canse de mudar, e então virarei um afinador de relógios.

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