Imagine uma pessoa com um alto grau de miopia que perde seu óculos. Essa criatura enxergará o mundo distorcido, correto?
Se ele mudar os móveis da sala de casa, resolve o problema? Mudar o canal da TV? Mudar a bebida preferida ajuda? Comprar roupas novas?
Você se pergunta: “Moléstia! Ovídio deve achar que sou idiota pra fazer uma pergunta dessas.”
Qualquer um enxerga que a melhora não ocorrerá pelos fatores externos. Esse míope tem que arrumar um óculos.
Isso é óbvio, e daí?
E se nossa percepção de mundo também sofrer perturbação na sua nitidez. E se ela se tornar míope, sem conseguir avaliar corretamente a realidade ao nosso redor?
E se essa miopia afetar nossa percepção sobre as causas dos acontecimentos da vida?
Com o grau elevado de distorção, a gente passa a achar que só os fatores externos são responsáveis pelo que conseguimos. Tanto dos fracassos como dos sucessos.
Soa Familiar?
Será que nesse caso, como no do óculos perdido, nós podemos melhorar através dos fatores externos?
- Se eu erro a grafia de uma plavra, mudar de blog me faz escrever certo?
- Se eu produzo pouco, mudar de emprego aumenta minha produtividade?
- Se eu achar que meu cliente é burro, isso me faz vender mais?
- Se as uvas não estivessem verdes, a raposa conseguiria pegá-las?
A atribuição de culpa a fatores externos é uma desculpa das mais simples, fáceis e infantis. É uma fuga de nossas responsabilidades.
Só quando somos responsáveis pelo que fazemos conseguimos gerar alguma mudança.
Quando assumimos a responsabilidade por nossos resultados, escolhas e decisões, pagamos um preço: nossa responsabilidade aumenta e ficamos expostos a mais críticas pelos erros e falhas. [expostos inclusive às tão temidas auto-críticas].
Isso é chato, mas é um preço justo quando pensamos no ganho que temos.
Nós podemos contribuir efetivamente para nossa melhoria, recebemos os louros pelas conquistas e acertos, e passamos a ser reconhecidos como pessoas responsáveis e maduras.
Agora, a cada vez que você pensar em reclamar de terceiros, pense no que você poderia fazer pra mudar a situação.
Vale à pena.
0 Comments on “Miopia na Percepção”
Esse texto foi um chute no estômago. Mas eu tava precisando.
Ovídio, isso não é maneira de tratar uma dama. peça desculpas já.
Tarrask,
Ela disse que tava precisando.
Desde quando você entrou pra liga da temperança, pra negar um chute no estômagos de uma dama?!?!
eu não faço isso em público. aliás, não tenho a menor tendência ao sadismo.
Aline,
Que bom que surtiu esse efeito.
Eu aprendi com minha avó que um remédio tem que ser amargo ou doer pra surtir efeito. 🙂
Às vezes o melhor remédio pra miopia é um tapa na cara! rsrs
Doeu, mas adorei o texto.
Beijos
Não conhecia esse seu lado tapinha não dói, Aline.
rsrsrssrrs
É que ando lendo umas histórias meio BDSM de um tal Tarrask
😉
Só evite dar um tapa na cara do míope que já esteja com óculos. Vai piorar catastroficamente as coisas.
😀
“Nunca bata em um cara de óculos”
boa, ovo.
mas você não acha que também pode ser miopia assumir 100% da responsabilidade sobre as coisas? acho que tudo na vida é a soma de fatores intrínsecos, que podemos controlar, e o que vem de fora (não gosto da palavra extrínsecos).
imagino que miopia seja atribuir 100% de responsabilidade a um ou a outro somente.
bjos
Raquel, vê-se que você não entende nada de ótica.
se botar 100% da culpa nos outros é miopia, botar toda a culpa em si mesmo é hipermetropia.
e não saber em quem botar a culpa, astigmatismo.
É isso mesmo, Quel.
Nesse caso, não é prudente ser radical nem pra um lado nem para o outro. E qualquer radicalismo vai ser uma miopia.
No caso de 100% prum lado ou pro outro, seria uma catarata das brabas!
No post eu quis posar de radical pra fazer um contraste mais forte com o extremo que eu tenho visto mais frequentemente, o que costuma atribuir a causa a fatores externos.
Beijos