A música pode ensinar a gente a fazer propaganda?

Fala a verdade. Você faz propaganda, mas queria mesmo era ser um rockstar, não?
Segundo o DaTarrask, setenta e três por cento das pessoas que fazem publicidade queriam mesmo era ser um Beatle. Ou um groupie. Mas algum de vocês já parou pra pensar como seria a carreira do Lennon se ele fosse publicitário? Como seria a JGRP Comunicação? Provavelmente começaria hotshop e depois se transformaria numa big multinacional de fazer o Bogusky chorar de vergonha.

Imitar ou criar algo novo? Fazer bem ou fazer antes?
Quando nasceu a Beatlemania, zilhões de bandas começaram a tocar parecido, a tentar imitar, a fazer versões, etc. Igual a muitas agências de propaganda que (deus perdoe a expressão) criam tendência. Nasce uma W&K, um estilo de fazer anúncio, todo mundo também vai atrás. Quantos redatores que você conhece são covers do Eugênio Mohallem?

Tem aquela história do cara que queria ser o David Ogilvy brasileiro e…
Publicitário tem mania de originalidade, mas adora falar em referência. Ora quer ser único, ora tem que seguir uma fórmula, e às vezes cria-se uma esquizofrenia difícil de entender. Por exemplo, é feio copiar ideias dos outros, mas todo mundo conhece de cor e salteado todos os anuários do festival de fantasmas da Tailândia, pra poder criticar a agência concorrente.

Ronnie Von adaptava canções dos Beatles e cantava em português. Multidões idolatraram o seu trabalho. O príncipe da juventude, atraiu legiões de fãs. A partir do estilo do quarteto de Liverpool, Ronnie Von criou sua carreira e deslanchou. Significa?

Não era o único, claro. Muitíssima gente tentou ser o Beatle brasileiro, espanhol, russo, cazaco. Claro, os que arriscaram e foram os primeiros ganharam muitíssimo mais dinheiro. Eram originais E executavam bem.

Comece imitando, mas tente parar com isso logo.
Todo mundo já ouviu aquela frase do Picasso, “Talent imitates, genious steal“. Na história da música (e também da propaganda), você pode fazer uma longa lista de gente que começou imitando, copiando, emulando outras, e depois desenvolveram seu estilo próprio, às vezes até superando os mestres. O mundo das ideias é assim: temos que subir no ombro de alguém pra poder ver mais longe, e o melhor é subir no ombro dos gigantes mesmo. Por isso, defende-se tanto estudar os clássicos.

Pegue por exemplo o maior, mais conhecido e mais famoso cantor do Brasil.

Começou fazendo versões. Hoje é o Rei. Começou cover e terminou original, dono de um estilo único e inconfundível. É ou não o sonho de qualquer criativo?

Uma agência só de covers pode sobreviver?
Todo mundo conhece aquela agência que nunca fez nada de novo. Nunca vai ganhar um prêmio mas fatura dinheiro em quantidades absurdas, segue fórmulas consagradas e paga todo mundo em dia. Executa à perfeição todos os acordes, canta bem, mas nunca sai dos trilhos.

Ensaiam, fazem o trabalho, faturam e vão pra  casa. Sem mistérios, sem invenções. Qualquer coisa, aumenta a marca ou toca uma dos Beatles, que sempre funciona.

Há gente que vê o valor do Emmerson Nogueira. O cara consegue executar perfeitamente (segundo sei lá que critérios) canções clássicas, conhecidas, reconhecíveis. Tem gente que adora o Jorge Vercilo porque é igualzinho ao Djavan, mesmo timbre, mesmo estilo.

Por outro lado, há gente que os detesta. Não conseguem ver originalidade no que fazem. Não valorizam a interpretação, só a criação. Apesar da música estar cheia de intérpretes que não criam, só valorizam os capazes de criar.

Ideias geniais e execuções porcas. Punk Rock advertising
Tem gente que odeia Sex Pistols, porque são intérpretes de merda. O mundo da música está cheio também de gente com ótimas ideias e péssima capacidade de execução (punks, principalmente).

Não conseguem ensaiar, vivem em brainstorm, inventando, testando, errando, não aprendem com o processo.

O problema é que não conseguem passar do segundo disco. Ou então viram Ramones e tocam sempre a mesma coisa, do começo ao fim. Originais uma vez, e depois plágio de si mesmos.

Qual dos dois você odeia mais? Qual dos dois é melhor? Quem você prefere ser?

0 Comments on “A música pode ensinar a gente a fazer propaganda?”

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.