Farenheit 451

Em mil novecentos e muito tempo atrás, eu era criança e lembro de viajar com meus pais, e do desespero (pode não ser verdade, mas é assim que eu lembro) do meu pai procurando uma fita de um filme. Era Farenheit 451, dirigido por Truffaut. Meu pai dizia que era um filme que marcou a infância dele, etc etc etc.

Anos depois, eu tive que ler o livro para uma prova da Cultura Inglesa, e levei a fita que o meu pai tinha para a classe. Achei a história legal, mas ainda não entendia suficiente de cinema para valorizar-la como deveria em termos de direção, edição, etc. Mas li o livro, fantasticamente genial, do Ray Bradbury. A história é que, no futuro, para manter a sociedade sob controle, os bombeiros trabalhavam queimando livros, e um grupo fugia da sociedade para manter este conhecimento, decorando o conteúdo de cada livro. Cada pessoa, antes de morrer, passava o conteúdo, de memória, para outro. É uma grande discussão e metáfora para o conhecimento humano, como tentamos apagar coisas e guardar outras, o que vale e o que não merece ser guardado, etc.

Claro, é uma discussão quase inútil hoje, uma época em que tudo que for digitalizado é virtualmente impossível de ser perdido, já que sempre haverá uma cópia em algum lugar.

Mesmo assim, uma grande discussão, e que eu lembrei por causa deste post do boingboing, que conta uma história incrivelmente saborosa:

uma biblioteca ia fechar, e o dono resolveu dar todos os livros para uma funcionária. Ela, num golpe de sorte, vendeu os 10.000 livros para um cara da produção do filme de Truffaut, a uma libra cada um. Ele precisava de livros pra queimar nas cenas do filme.

Só fico imaginando quais foram os livros queimados.

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