Onde manda capitão, não manda marinheiro

Artigo publicado no Jornal Contraponto.

Com todo o respeito, mas acho que poucas autoridades na Paraíba entendem a tecnologia. Não vou falar do país, porque o Presidente sabemos que é, e é fácil dizer que ele não sabia de nada.

Mas no estado, creio que existam poucas pessoas que tenham noção do que está acontecendo pelos cabos de fibra ótica que cruzam nosso território. E deveriam, você me pergunta?

O Brasil perdeu o trem da história da Revolução Industrial com o Barão de Mauá. Depois de toda a tentativa de criar fábricas, trens, bancos, enfim, capitalismo, deixou passar e só retomou um século depois, entre Vargas e Juscelino.

O Brasil está perdendo outra vez outro trem, da Revolução Digital. Mas não está perdendo de maneira igual. Em São Paulo existem alguns dos profissionais mais conceituados do mundo, cursos, preparações, informação e principalmente pessoas interessadas em aprender e ensinar.

Isso não acontece em todos os estados. Apenas em grandes metrópolis, nos lugares mais ricos. E que estão ficando cada vez mais ricos.

Pernambuco tem um pólo exportador de tecnologia que é referência no mundo. O que é feito ali é modelo para muitos lugares. O quê fizeram? Trabalho, vontade e talento. Qual deles falta por aquí?

E no estado vizinho? A Paraíba planta algodão, cria cabras, mói cana. Coisas que se fazia há umas dezenas de séculos, pelo menos. É um dos estados mais pobres do país, e faz todo bem direitinho para continuar sendo, por muitos anos.

Não adianta dar computador pros meninos que passam fome no brejo. O computador é uma ferramenta, como a roda, o arado ou a tesoura: se você não souber usar e não aproveitar ao máximo, não chega em lugar nenhum. E se o capitão do barco não sabe navegar, o marinheiro não vai encontrar terra, e o barco vai a pique.

Enquanto os jovens de 16 anos continuam decorando fórmulas de química inúteis para um cidadão normal, enquanto os professores continuarem analfabetos digitais, e principalmente enquanto os que planejam (?) o futuro do estado apenas souberem usar emails e entrarem num portal de um grande jornal, o bonde da história estará passando.

E o Bonde da História é como o bonde do Ponto Cem Réis: não vai voltar. Nunca.

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