Qual é o futuro da redação publicitária?

É aquela pergunta que eu sempre farei, porque está intrínsecamente entrelaçado com o meu futuro. Sou um radical entusiasta da tecnologia e das mudanças, mas adoro escrever, adoro publicidade[bb] e não sou tapado o suficiente para fingir que vai continuar tudo sempre igual.

Há gente que defende uma mudança radical, diz que o bodycopy está morto. Que aqueles textos melosos, com estrutura AIDA, não funcionam mais, e é preciso storytelling, trendworld ou simplesmente texto direto e honesto para convencer o público. Podemos usar muita coisa, mas por que ainda tem gente que insiste que nada mudou?

Se até a língua evolui, a maneira de usá-la para persuadir, também

Quem não sabe escrever em Latim, que atire a primeira pedra contra quem prega mudanças na maneira de escrever.

Ok, continuando.

Os anúncios dos anos 70 nem sempre funcionariam hoje. Há argumentos que conseguem se manter vivos, outros desabariam como um castelo de papel na chuva. Há estruturas de linguagem que eram usados nos tempos do ronca e hoje seriam incompreensíveis pelo povo (Olavo Bilac copywriting, anyone?).

Propaganda modificada pelo Gabriel Pardal

Propaganda modificada pelo Gabriel Pardal, encontrado no Don't Touch my Moleskine

Aquele texto com formato tradicional morreu

Uma das regras básicas da propaganda é fazer diferente para se destacar da concorrência. Então, o argumento de que sempre funcionou assim não vale mais. Na minha cabeça, e na de boa parte dos consumidores, a maneira tradicional de escrever publicidade, o bodycopy tradicional, soa tão falso quanto os comerciais do 1406. Funcionavam, explicavam, mas sempre tinha aquela vozinha dentro da cabeça que dizia: “é, tão querendo me enrolar.”

O problema de usar uma fórmula é que as pessoas aprendem, entendem o truque, e param de cair nelas.

O importante é sempre, sempre subverter as regras

Nos EUA, lançaram um produto meio bizarro meio ridículo, que é uma manta com braços, pro pessoal ver TV no frio. Não deve ser muito conhecido no Brasil, porque realmente não é necessário. O Sheldon, de TBBT, apareceu usando, uma vez. Não é uma coisa cool.

E o comercial de televenda é absolutamente ridículo.

Até que um louco aqui na Espanha fez uma dublagem a la Discovery de Pobre e virou hit. LA BATAMANTA (assim, com maiúsculas, porque sempre que eu escrevo, lembro do grito que o cara dá) é o comercial mais engraçado feito neste país, este ano. Devem ter vendido como churros, simplesmente porque o texto é absurdamente surpreendente. Mas não é um comercial tradicional. É uma subversão.

Pra quem entende espanhol, uma aula magistral de escrita.

0 Comments on “Qual é o futuro da redação publicitária?”

  1. Essa propaganda do BATAMANTA é sensacional pqp! parece até sketch de algum programa de humor. Isso de fazer uma satira do próprio produto é comum ai na Espanha? não consigo imaginar isso aqui no Brasil…

    1. Essa sátira rolou na internet, não foi patrocinada pela empresa que fabrica. Porém, é a única coisa que funcionou pra transformar a batamanta num ícone conhecido deste país.

      Não precisam de mais nada.

Leave a Reply to Aline Valek Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.