Uma humilde proposta

Artigo publicado no Contraponto, jornal de João Pessoa.

Neste ano de eleições, eu que nunca escrevo a sério sobre nada, resolvo fazer uma piada hipotética.

Munido de estatísticas públicas divulgadas por um TRE da vida, dá pra saber quantos votos, mais ou menos, são necessários para eleger um candidato. Não vou me dar o trabalho de buscar, mas não é uma quantidade absurda de pessoas. Uma quantidade, digamos, fácil de ser atingida por um site popular da internet brasileira, como um kibeloco ou charges.com.br

Se, através das novas redes sociais, a última moda da internet, um grupo de candidatos, digamos, 4 ou 5, unidos, conseguissem mobilizar de alguma maneira apenas uma quantidade X de votos, e esta rede digamos, calculasse quantos votos os candidatos A, B e C teriam, e distribuísse esses votos, de modo que nenhum deles recebesse uma votação de Paulo Maluf, mas que todos eles fossem eleitos, avisando então aos eleitores que votassem em A, B ou C, seria possível não a eleição de um deles, mas de um grupo deles. Sendo todos partes de uma coligação, ou do mesmo partido, tudo estaria válido e dentro da lei. E eles teriam um poder bastante maior que um só vereador. Em João Pessoa, por exemplo, 5 vereadores já poderiam fazer verão, marola, e dependendo do assunto, até criar um pouco de confusão.

É impossível, não dá pra controlar, dizem uns. É, não dá, mas dá pra calcular uma margem de manobra, e, afinal, todo mundo entra nessa com algum objetivo. O da minha proposta é dar poder de verdade ao seu voto, que sozinho, não vale muito.

Ninguém declara o seu voto corretamente. Ei, qual foi a última pesquisa não-suspeita que você viu sair fora da margem de erro? Eu nem lembro.

Há alguns anos, o partido da oposição na Espanha ganhou o poder através de uma mobilização feita com mensagens de celular entre os jovens, por uma mentira flagrante do governante da época, o direitista Aznar. A maneira como as pessoas foram sendo avisadas era o máximo da tecnologia da época, e hoje, estamos anos-luz na frente deles.

Nos US and A, há milhões de lições políticas a serem aprendidas com as pré-eleições, principalmente porque agora estão sendo realizadas votações pequenas, em condados, cidades pequenas, como funcionam as eleições municipais brasileiras. E essas lições têm que ser entendidas pelos profissionais envolvidos nas campanhas agora, e não nas próximas, daqui a 4 anos. Principalmente em grandes cidades, onde quase todo mundo tem telefone celular e internet, e em qualquer bairro de periferia existem LAN Houses e usuários de orkut.

Está iniciada a corrida, no ano das redes sociais. Haverá candidatos capazes de utilizá-las para algo útil para eles. Quero ver se haverá eleitores capazes de usar as redes para conseguir melhorar ou levar adiante alguma proposta, projeto ou vontade política.

Afinal, os usuários da internet não precisam ignorar a política como os políticos ignoram a rede, não é verdade?

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