Propaganda no futuro

Artigo publicado no Jornal Contraponto, de João Pessoa-PB, em 2008.

Continuo a série começada na semana passada.

Como serão os anúncios em 20 anos? Vão continuar tendo o objetivo principal vender, mas há tendências claras.

Saco cheio de propaganda. Para cada anúncio divertido, vemos uns 80 que não tem a menor graça. As pessoas não querem ver isso, e vão ter cada vez mais chances de evitar ver. TiVO para pular comerciais na tv, banners, popup killers, Lei Cidade Limpa. Isto é uma mensagem clara. O consumidor não quer ver propaganda chata. Nem muita. Lembram de Caetano? Quem lê tanta notícia? E quem vê tanta propaganda?

O que funciona e o que não funciona será muito mais fácil de medir. Você pode medir qualquer clique de uma campanha de AdWords. Saber quem visita o seu blog. Que computador usa. Imagina em 20 anos o que será possível. Nós temos que usar estas informações para oferecer então, propaganda que interesse. Por favor, não tentem me vender Ferrari nem vestibular, porque eu não posso comprar um e o outro não me interessa.

A diferença do mundo digital pro mundo antigo. Agora nós temos que seduzir, convencer, interessar e tratar bem. Fazer propaganda é seduzir. A diferença é que o publicitário, antigamente, era como Don Draper, e a relação com o consumidor era parecida com a que ele tinha com a mulher: por causa da estrutura social, ele casava, e tinha a mulher à sua disposição. Ele escolhia, mandava e guiava o comportamento. A mulher (e o consumidor) não tinham escolha. Podiam estar satisfeitos ou não, mas não tinham como mudar.

Hoje há o divórcio, pílula, queima de sutiã, não é comum que as mulheres casem virgens, e não é socialmente problemático que alguém não esteja satisfeito com o seu parceiro atual. Inclusive, há soluções diferentes e aceitas (homossexualismo, poliamor, celibato). Da mesma maneira, uma marca de cerveja não vai somente dizer: compre-me e pronto. Isso mudou.

Naquela época, o publicitário seduzia, casava, e fazia o que quisesse depois, porque não haviam outras opções. Hoje as pessoas são extremamente infiéis às marcas. Trocam de marca de camisa como quem troca de namorado, poxa. Então como nós deveremos nos comportar?

Devemos estar prevenidos contra a infidelidade do cliente, claro. E também tratar o melhor possível de mantê-lo satisfeito. E existem só duas maneiras de manter o cliente satisfeito: ou você dá dinheiro a ele, ou você escuta o que ele quer. E normalmente, escutar funciona mais. Porque nem sempre o cliente está interessado somente em desconto, ou em comprar mais barato. E quando ele não está satisfeito, o que faz?

Há pesquisas que dizem que um consumidor satisfeito conta para uns 10 amigos, enquanto um insatisfeito conta pra todo mundo. E quando ele tem orkut, blog, fotolog e sai por aí dizendo que a sua marca é um lixo, nós temos um problema, né?

2 Comments on “Propaganda no futuro”

  1. Tarrasko, um comentário não sobre o post, mas sobre um detalhezito do novo layout.

    Eu sugiro mudar o nome Contraponto, no menu superior, para "artigos publicados" ou algo mais genérico.

    Fora os 15 assinantes do Contraponto aqui em João Pessoa, e uns sobrinhos e filhos destes, ninguem mais sabe esse significado específico desse nome. Desse jeito, é quase uma piada interna.

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