Propaganda interativa. O que é, como se faz?

Artigo publicado no Jornal Contraponto, de João Pessoa-PB, em 2008.

Os próximos artigos serão baseados no conteúdo que apresentarei em uma palestra na UFPE em novembro. Dividirei em partes, por questões de espaço.

Nós estamos vivendo uma era linda da propaganda: uma mudança comparável à chegada da televisão. A própria estrutura do negócio está mudando, a organização das empresas. Há uma série que eu recomendo, da AMC, chamada Mad Men, que está ambientada na Madison Avenue, Nova Iorque, nos anos 60. Os personagens trabalham numa agência fictícia chamada Sterling Cooper, e vivem como os publicitários famosos da época, os anos dourados da profissão. E estão encarando a mudança da televisão. O rádio e os jornais eram os veículos mais importantes, os anúncios de televisão ainda eram muito parecidos aos do rádio, eram spots ilustrados, ou anúncios de revista com movimento. E demorou algum tempo para que passassem a ser algo mais que isso, e a televisão tivesse a sua própria linguagem.

No final da primeira temporada, eles vivem as primeiras eleições americanas nas quais o resultado foi seriamente influenciado pela tv. O republicano Nixon, vice-presidente, perdeu para um jovem senador, o primeiro presidente católico, que vendia mudança. Kennedy foi eleito, aboliu leis contra o racismo, defendeu direitos de minorias e a televisão virou a grande estrela de todas as campanhas políticas.

Barack Obama gastou em um só estado americano o que McCain gastou em toda a sua campanha. Bateu todos os recordes de arrecadação. E a maioria das suas doações foram abaixo de 200 dólares, feitas pela internet. Não há precedentes para a mobilização online de McCain em nenhuma campanha política, exceto a candidatura de Howard Dean, um governador blogueiro, às primárias democratas em 2004. Muita gente da campanha de Dean está com Obama agora.

Se os veículos mudam, a propaganda deve mudar? Claro. Do mesmo modo que o rádio se adaptou à TV, a TV vai se adaptando gradualmente à interatividade. Programas de rádio por definição passaram à tv: mesas redondas de futebol e entrevistas. São programas onde as pessoas simplesmente falam, típicos do rádio. Rádio e fotonovelas eram sucesso na época dos nossos avós. Programas musicais, principalmente ao vivo, são por definição de rádio. E como se transformaram? Adição de imagens, ilustrações, roteiros mais elaborados, exibição de lugares distantes a cores. Da mesma maneira, o que se pode acrescentar a um programa de televisão sendo exibido na net?

Como serão os anúncios em 20 anos? Vão continuar tendo o objetivo principal vender, mas há tendências claras. Vou tentar mostra-las na semana que vem.

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