O debate sobre como preparar o portfolio da semana passada rendeu boas” conversas. Numa delas, surgiu a expressão do título, que é bem uma síntese do que eu sinto sobre a mudança na propaganda atual.
O portfolio de um redator (ou diretor de arte, dá igual) está mudando e ficando cada vez mais parecido. A técnica está perdendo espaço, então o que vale mais, nos dois é a capacidade de ter idéias diferentes, de ver algo de maneira diferente. E quem, da antiga dupla tradicional-bernbachiana, é o responsável pela usabilidade, pela relação receptor da mensagem comunicativa – mensagem? Os dois.
O redator está mais próximo do planejamento, do mesmo jeito que o diretor de arte dos executores, programadores e tal. Mas não necessariamente. Há planejadores capazes de programar? Sim. Há redatores-fotógrafos? Sim. Redatores capazes de editar um filme? Diretores de arte que falam com clientes? E como vender a mescla que você acaba se tornando, como profissional? Sei não.
Do mesmo jeito que eu não sei como vai ser o mercado no futuro, quase ninguém sabe, e quem sabe, não conta. Estamos construindo um avião, que é a nossa profissão. Só que ele já decolou faz tempo.
Como fazer pra gente ir na janelinha?
A mudança é inevitável, porque o cliente quer. É melhor pra ele.
E ele paga.
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Observei essa mudança da técnica para a idéia meio sem querer no meu próprio portfólio. Antes ele era cheio de textos, títulos super geniais (pela menos era o que a mãe achava) e quando eu percebi só tinham idéias visuais e poucos textos. E essas idéias (sejam em forma de arte, mídias alternativas) estavam tomando conta de quase todo meu portfólio. Parei e refleti: “como eu posso ser um redator e ter pouco texto no meu portfólio?” Será que mais vale um anúncio all type do que um anúncio visual ou uma ação ou mídia diferenciada?
Oh céus! Lá vem a angústia de um redator offline de novo!
a angústia dos redatores off não acabará.
e agora? começo a mandar emails para todos os chefões, perguntando como deveriam ser os portfolios que eles querem ver?
Dizem que eu preciso de campanhas consistentes, idéias visuais e mídia alternativa… Acabo de jogar fora meu velho portifa e vou ter que fazer outro. Boa hora pra começar essa discussão galera. Acode aí.
Fico procurando sentido nas coisas que crio no dia a dia da agência e não encontro. Como Tarrak falou, lá em cima… Sinto cada vez mais necessidade de me aproximar do planejamento, para ter consistência e argumento. Acho que um bom planejamento nos permite abandonar as velhas formas, como a Ogilvy fez com Dove. Será? Será?
é, Karina. Dúvidas e mais dúvidas.