Laços

Artigo publicado no Jornal Contraponto.

2 mil reais. Uma c”mera. Três atores, que também produziram. Alguma gente experiente por trás, para dar apoio e instrução.

Com isso, dois estudantes de cinema brasileiros conseguiram ganhar um concurso no YouTube ao produzir o curtametragem Laços. Como prêmio, ganharam 5 mil dólares e vão participar do Festival de Sundance, um dos mais importantes do cinema mundial. Onde surgiram Tarantino e os irmãos Cohen.

O filme é bonito, conta de maneira singela uma história forte, e vale a pena ver. Está lá, grátis, no YouTube.

E o que isso tem de revolucionário?

É que há uns tempos, era impossível assistir curta-metragens. No cinema, não exibem. Ninguém aluga. Não passa na TV. E todo mundo que quer aprender cinema primeiro faz filmes curtinhos, que são bem mais fáceis de fazer que uma história larga. E agora podem fazer e exibir, conseguir o mais difícil: público.

O curta do exemplo conseguiu umas 500.000 visitas. Pra conseguir isso, por exemplo, com propaganda tradicional, com um anúncio de 30″, por mais bonito que seja, pode ter a certeza de gastar um bom milhão de reais. E isso, pensando que as pessoas estarão no banheiro, ou foram à cozinha buscar um copo de água, ou estão com a TV ligada mas fazendo algo mais importante.

Uma idéia na mão e uma c”mera na cabeça, de verdade. E o que importa de verdade? A idéia. Por quê? Porque existem uns dois bilhões de vídeos disponíveis gratuitamente por aí. A maioria não consegue passar de 100 visitas. Você precisa contar algo realmente interessante, divertido ou surpreendente para conseguir isso. E não é aquele seu velho anúncio que diz que o gerente enlouqueceu, ou que tem queima de ofertas, ou que acaba com uma piada de mau-gosto com o estilo do Zorra Total.

É mais engraçado ver o Jeremias dizendo que foi o cão que butô nóis pra bebê*.

* Se você nunca viu esse vídeo, busque-o agora. Ninguém é feliz antes disso.

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