Publicitários Zumbis

Artigo publicado no Contraponto em 28 de setembro de 2007

O fim do jornalismo de notícias aconteceu algum tempo atrás, quando praticamente todos os veículos deixaram de ter correspondentes em todos os lugares do mundo e passaram a copiar notícias de agências, ou do Google. Isso fez com que a maioria das redações fosse preenchida por estagiários tradutores, incapazes de ler uma notícia criticamente, e publicar asneiras como o famoso meteoro que viaja em direção à Terra numa velocidade 4 vezes mais rápida do que a luz. Já chamam isso de jornalismo zumbi, onde milhares de criaturas sem mente copiam as notícias de somente um. E copiam mal.
(aqui)

Na propaganda, não estamos melhor. Há 5 anos, todo mundo queira estar na televisão. Hoje, todo mundo quer fazer um viral na internet, de preferência, um que os usuários façam o seu vídeo. Saiu na revista Time, é luxo. Mas querem um viral para por na televisão, que tenha jogos, e que seja barato. E, no fim das contas, vemos centenas de milhares de páginas corporativas às moscas, igual à loja da Adidas no Second Life. Por quê?

Sendo chato e batendo na mesma tecla, repito a coluna anterior: porque não tem graça, porque estão falando sem escutar. Não sou eu, nem nenhum grande gênio do marketing quem vai dizer o que deseja o consumidor da sua marca, caro anunciante. É ele mesmo. Aprenda a ouvir o ronco surdo das ruas. Qualquer vendinha de interior é capaz de prestar atenção no que o seu Zé quer comprar. Porque uma grande empresa multinacional às vezes não consegue?

Pesquisa de mercado? Sim. Mas existem maneiras mais baratas. Conversar com eles, abrir um blog corporativo (e ler os comentários, que também não adianta só ficar publicando press-release na internet, que nada é mais chato que escutar alguém falando bem de si mesmo. Ou alguém realmente escuta a Voz do Brasil?). Comprar o seu produto numa loja. Ver o que publicam na internet. Qualquer criança de 12 anos faz um blog e publica ameaças idiotas no orkut. Falta de polícia ou falta de educação dos pais?

Lembre-se sempre que há, no mercado publicitário, uma maioria de zumbis, que entraram na carreira esperando segurança, fazem o que foram treinados para fazer, repetem idéias de outras pessoas, fórmulas já testadas que funcionam meio bem e vão para casa cedo. Copiam qualquer modinha que veio do exterior, sabendo que vai mais ou menos funcionar, e a vida segue. São os mesmos jovens estagiários recém-formados e sem experiência que estão destruíndo o jornalismo, que atualmente cria as publicidades para as marcas no mercado do NE. Pouquíssimos têm 10 anos de experiência. E quase ninguém, nessa grande horda de zumbis, sabe de onde veio a comunicação, nem para onde vai. Infelizmente, na internet, as modas começam cada vez mais rápido, e também também morrem mais depressa.

Extra, extra:
Ainda falando de conteúdo grátis na internet, agora o New York Times voltou a liberar todo o seu conteúdo grátis online, desde a fundação, o Kottke, um dos blogueiros mais influentes do mundo, compilou uma lista de matérias superinteressantes, como a primeira vez que é mencionada a televisão, o assassinato de Lincoln, Harry Potter ou o termo www.

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